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A Ficar Passada dos Carretos

Isto está mesmo a ficar uma desgraceira depois de tanta quarentenada... quarente... nada de todo!

Isto está mesmo a ficar uma desgraceira depois de tanta quarentenada... quarente... nada de todo!

A Ficar Passada dos Carretos

04
Mai20

Quem quer casar com uma agricultora? Parte II


Milu

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Foi nos meus verdes anos de escola que me ensinaram que, para finalizar um texto, devemos terminá-lo com uma descrição que sirva de remate, sob pena de parecer que foi interrompido, que ficou ainda muito por dizer. Nunca me esqueci desta regra, tanto que se tornou algo  de muito natural para mim. 

Mas, o mesmo costuma acontecer comigo quando início um post para publicar nos meus blogs. Raramente vou directa ao assunto central. Gosto sempre de elaborar um intróito. Eis, então:

O dia 3 de Maio é um dia especial para mim. Recordo-me que, em menina, este dia nascia com cruzes ornadas de flores  penduradas na porta principal  das casas. Diziam-me que era para comemorar o dia de Santa Cruz. Numa pesquisa rápida encontrei que, em Portugal e noutros países do mundo, existe a tradição de se realizar festas e romarias por volta deste dia, assim como de ornar fontes e cruzeiros com diversas flores, verdura, giestas, rosmaninho, entre outros, para proteger as pessoas dos males que andam à solta de noite.

Prosseguindo a pesquisa, também encontrei que 3 de Maio é comemorado como o Dia do Sol, uma data voltada para a valorização desta importante fonte de energia, que possui profunda relação com a sobrevivência de todas as espécies de seres vivos da Terra.

Mas o dia 3 de Maio é, também, o dia em que comemoro a data do meu nascimento! 

Em criança, nunca tive festas  de aniversário. Nem prendas. O curioso é que não guardo nenhuma mágoa disso. Tivesse tido, ao menos, arroz doce com fartura  

A minha mãe, para comemorar os aniversários dos filhos, costumava fazer, apenas, um tachico de arroz doce. Nem sequer era um tacho.  Lá em casa, a filharada protestava sempre perante tão minguada iguaria, dizendo que o arroz doce nem dava para tapar a  cova de um dente:

" - Ó mãe, porque é que você fez o arroz doce nesse  tacho tão pequeno?" 

" - Ó mãe porque é que não fez o arroz doce naquele tacho?"

O tacho referido pela prole era o maior que havia em casa, claro! A minha mãe, então, olháva-nos calada e com um olhar enigmático, talvez arrependida... e pensando que os filhos até tinham razão, afinal, tudo se resumia a acrescentar mais uma pouca de água, mais um punhado de arroz e algum açucar...

Só quando comecei a ter o meu dinheiro é que também comecei a comemorar a data do  meu aniversário. Houve um aniversário que para sempre ficou na minha memória.

O aniversário dos meus vinte anos. 

Convidei muitos amigos, a quem  ofereci uma lauta refeição, à qual não faltou um menu que elaborei e entreguei antecipadamente a cada conviva. O momento alto do festim foi comemorado ao som do fado "Primeiro Amor (20 anos) de Cidália Moreira.

 

Tenho cá um pressentimento, algo me diz que, ontem, o dia do meu aniversário, se tornará também um dia memoriável... porque foi diferente.

O que deixa história é o diferente.

Comemorado num tempo de pandemia, sem a família, já que a sua presença implicava a mobilidade entre concelhos, que estava interdita,  sem margem para escolhas, portanto, o meu aniversário foi celebrado com um almoço na  minha garagem, num espaço que tem vindo a ser preparado para as minhas futuras actividades lúdicas e, também, por entre as mais diversas quinquilharias próprias de um espaço de arrumos, em que costumamos tornar a nossa garagem. Como repasto  uns grelhados feitos na nossa churrasqueira comunitária, regados com um vinho de estalo. Na parte da manhã, e durante a tarde, transitei entre a garagem e  o quintal,  onde alguns vizinhos andavam a trabalhar, debaixo de um sol abrasador, em mais um espaço para alargar a nossa horta comunitária. Já tenho, por conseguinte, mais um canteiro 

E foi assim o meu dia de aniversário. Tive também uma surpresa muito agradável, mas dessa não posso falar. Só sei que fiquei muito feliz. Já estava feliz, mas ainda fiquei mais. Também estou muito grata às pessoas  que me acompanharam, que fizeram o meu dia 

E, já agora, por falar em horta, que tal umas fotos para festejar também os progressos? 

Agora sim, agora já começo a ficar convencida que irei realmente comer da minha lavoura!

Olhem só os rabanetes a começar a aparecer!   Está tudo um bocado a monte mas agora vou melhorar. Já descobri uma técnica  E o espantalho para pardais, obra de um vizinho??  

Que saudável que tem sido para nós a nossa horta! Bem, tenho que me despachar bem rápido, quero ver como estão hoje as minhas culturas.  

 

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Os rabanetes

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Espanta pardais

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A mesa já desfalcada 

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Eu, já passada dos carretos   

 

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